EM CAMPO

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domingo, 27 de março de 2011


Seminário Estadual sobre Impactos do agronegócio e agrotóxicos na saúde, no trabalho e no ambiente

 Acontece nesta próxima terça-feira, dia 29, na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município de Apodi (RN), o Seminário Estadual sobre os Impacto do agronegócio/agrotóxicos na saúde, no trabalho e no ambiente. O objetivo da atividade é reunir movimentos sociais, entidades, comunidades atingidas pelos Grandes projetos instalados na região, estudantes e pesquisadores para ampliar a discussão sobre o tema e pensar ações que visem o combate à utilização dos agrotóxicos no estado do Rio Grande do Norte.

No Seminário, estão programadas mesas redondas sobre a temática e ao final do dia, será realizado um ato público, com uma caminhada pelas ruas da cidade de Apodi, para denunciar o agronegócio e os agrotóxicos e em defesa da Vida. A Atividade está sendo realizada pelo STR Apodi, Comissão Pastoral da Terra-CPT RN, ASA Potiguar, GVAA (Grupo Verde de Agricultura Alternativa), Núcleo TRAMAS (Trabalho, Meio ambiente e Saúde para a Sustentabilidade) da UFC (Universidade Federal do Ceara) e pelo Grupo de Pesquisa Marcos Teóricos Metodológicos Reorientadores da Educação e do Trabalho em Saúde da UERN (Universidade Estadual do RN), com o apoio da Heifer.

Contra os Agrotóxicos e em defesa da Soberania Alimentar - Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Grandes empresas utilizam tanto veneno em suas produções que até produtos proibidos em outros países são utilizados livremente no país. De acordo com o último Censo agropecuário, realizado em 2006, cerca de 80% dos grandes proprietários rurais usam veneno em suas plantações. Só em 2009, foram mais de 1 bilhão de litros de veneno utilizados nas lavouras do Brasil. As consequências para a saúde da população do campo e da cidade são desastrosas. Para as entidades que organizam o Seminário, as altas taxas de consumo estão relacionadas ao modelo de produção implementado no país, o agro-hidronegócio.

Contexto da Região do Apodi - Está previsto para ser instalado na Chapada do Apodi (RN) um perímetro irrigado com capacidade para irrigar até 10 mil hectares destinado a fruticultura. Esse projeto, patrocinado pelo Governo Federal através do DNOCS, é uma extensão do perímetro irrigado de Limoeiro e Russas no Ceará – que compreende também a Chapada do Apodi.

No estado do Ceará, as comunidades afetadas por este perímetro irrigado praticamente desapareceram, apenas algumas famílias permanecem resistindo e sofrendo as consequências do avanço do projeto. Recentemente um grupo de pesquisadores do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas), da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou uma vasta pesquisa sobre os impactos dos agrotóxicos naquela região. O resultado é assustador: foi identificado uma grande incidência de pessoas acometidas de câncer, com registros de várias mortes ligadas ao contato com os agrotóxicos, contaminação do lençol freático, contaminação do solo, etc.

Na região da Chapada do Apodi, além de afetarem a saúde das famílias, o avanço do agronegócio e dos agrotóxicos agem violentamente contra os que lutam em defesa do meio ambiente e das comunidades atingidas. Foi nesta  região que em 21 de abril de 2010, o trabalhador rural e ambientalista, José Maria foi assassinado. O crime está sendo relacionado ao fato de ele ter denunciado inúmeras vezes a degradação provocada pelas grandes empresas que lá estão instaladas.

Para Nilton Júnior, da Equipe da CPT em Mossoró, “já precavendo o que poderá vir a acontecer na região, estamos contribuindo com a mobilização das famílias que poderão ser afetadas e a população em geral para combater os danos que esse modelo provoca”. O integrante da CPT ressalta ainda que “em contraposição a este cenário, nas comunidades da chapada do Apodi estão ocorrendo diversas experiências bem sucedidas de agricultura familiar agroecológicas através dos Projetos de Assentamentos e de comunidades”. Apicultura e caprinocultura manejada, manejo da caatinga, hortas orgânicas, produção de polpas de frutas da região são alguns exemplos e que poderão desaparecer caso o projeto seja instalado.

 PROGRAMAÇÃO:

- 8:30h – Mesa de Abertura

- 9:00h – Vozes do território: a realidade da vida no campo em Apodi, Açu e Baraúna

- 10:00h – Mesa Redonda: Impacto do agronegócio/agrotóxicos na saúde, no trabalho e no ambiente.
Convidadas: Drª Raquel Rigotto – Médica do Trabalho, Doutora em Sociologia, Professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Coordenadora do Núcleo TRAMAS – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade – UFC. Drª Andréia Lessa – Engenheira Química, Doutora em Engenharia Química , Professora do Instituto Federal do Rio Grande do Norte.

- 11:00h – Debate

- 14:00h – Ato Público Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

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