EM CAMPO

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Chuvas: como evitar a disseminação de doenças

As intensas chuvas que assolam o Brasil têm provocado alagamentos, enchentes e deslizamentos, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Especialistas consideram que os episódios ocorridos nos últimos dias já constituem a maior tragédia climática da história do país. Nesse momento, a preocupação em ajudar os necessitados deve se somar aos cuidados sanitários para evitar prejuízos ainda maiores à saúde das vítimas.

O trabalho da vigilância sanitária, especialmente nas instâncias municipal e estadual, é extremamente importante nesse contexto: é preciso cuidar de aspectos básicos, como a garantia de água potável e alimentos aos desabrigados. Mas a atuação da vigilância sanitária vai além: passa pela triagem das doações de alimentos, medicamentos e produtos para limpeza, pelo monitoramento dos ambientes que recebem os desabrigados, pela orientação à população e pela prevenção de acidentes com os trabalhadores que atuam no salvamento e na remoção de escombros e sujeira. 

Perigo invisível É preciso evitar que as crianças nadem e brinquem na água que fica represada nas ruas e casas. A inocente brincadeira esconde perigos: microrganismos, como bactérias, fezes de animais, lixo e até resíduos do esgoto podem ser levados pela água por quilômetros afora, podendo causar náuseas, vômitos, febre e doenças.  "Como a urina de ratos se mistura à água, um dos grandes perigos é a transmissão da leptospirose", alerta a diretora da Anvisa, Maria Cecília Brito. Para a diretora da Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Bittencourt, um dos principais desafios para a vigilância sanitária é ter clareza de quando e como ir a campo. "Não adianta produzir material informativo orientando as pessoas a procurarem atendimento médico sem antes levantar a capacidade dos hospitais, o número de leitos disponíveis".


DoaçõesOutra questão que merece preocupação é o recebimento de doações. O monitoramento da organização, da triagem e do armazenamento é mais uma tarefa para a vigilância sanitária. Os alimentos, por exemplo, precisam ser mantidos longe da água, da umidade, do sol e de produtos para limpeza. Devem ainda ser armazenados em prateleiras distantes do solo. Nos primeiros momentos que se seguem a essas tragédias, é importante privilegiar a doação de alimentos industrializados, já prontos para o consumo. "Geralmente falta água potável e a estrutura básica para preparar os alimentos, inviabilizando a doação daquilo que precisa ser manipulado ou preparado", lembra Maria Cecília Brito.

Embora pouco lembrada na hora das doações, a água mineral costuma ser, justamente, um dos itens mais necessários: enquanto sobra água nas casas e ruas, falta água nos reservatórios e poços artesianos, que ficam tomados por lama e sujeiras de todo o tipo. 

Outro problema está relacionado aos medicamentos: doar medicamentos com o prazo de validade vencido pode causar mais prejuízos que benefícios às vítimas. E, mesmo dentro da validade, esses medicamentos, quando doados pela população, podem representar riscos se não forem garantidas boas condições de armazenamento.

"Não se sabe a que temperatura o medicamento doado ficou exposto, se houve contato com umidade, nem como ele foi transportado e acondicionado. Todos esses fatores podem interferir na eficácia e na segurança de uso", alerta a gerente de Tecnologia Farmacêutica da Anvisa, Monica da Luz Soares.


Luana Cury - Imprensa/Anvisa

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