EM CAMPO

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Crise Econômica Mundial

Leia os principais trechos da entrevista do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao programa Bom Dia Ministro, que é transmitido ao vivo para emissoras de rádio em todo o Brasil.

O Brasil trabalhou sério, de forma correta e com bastante esforço nos últimos anos para crescer a taxas maiores, criar mais empregos e, também, estar mais preparado para enfrentar crises como esta.
No passado, crises muito menores traziam consequências dramáticas para o País e para a população brasileira. Desta vez entramos na crise crescendo a taxas elevadas. O consumo da população, a produção e o investimento cresciam a quase 20% ao ano, com a inflação estabilizada. Além disso, o País estava com mais de US$ 200 bilhões de reservas internacionais. Tudo isso fez com que enfrentássemos esta situação mais fortalecidos.
Ao mesmo tempo, durante o colapso financeiro soubemos reagir de forma rápida e eficaz. O Banco Central (BC) atacou os canais da crise. Assim, o BC ofertou empréstimos em dólar e substituiu, na prática, o Sistema Financeiro Internacional, que tinha deixado de financiar os exportadores e os bancos brasileiros. Usamos os depósitos compulsórios para prover recursos para bancos pequenos e médios que estavam deixando de oferecer financiamento em muitos setores importantes. Atuamos fortemente nisso, nos chamados derivativos, que estavam em crise em função de todo esse desequilíbrio e de uma série de outras questões.
Em seguida o governo começou com a isenção do IPI. No momento em que o governo tirou o IPI do automóvel, por exemplo, impulsionou a economia. Quando o comprador foi ao revendedor, em dezembro, atraído pela queda do IPI, já havia crédito, o mercado já estava funcionando normalmente, que não aconteceu em outros países. As ações tomadas pelo Brasil neste período são consideradas exemplares. Órgãos multilaterais, como o FMI, bancos de compensações internacionais e analistas independentes classificam a nossa atuação como modelo a ser seguido. O que devemos fazer agora é manter uma política monetária responsável, fiscal e cambial à frente, também responsáveis para o Brasil continuar na trajetória de sucesso.

Dívida Externa
O Brasil, de fato, teve como um dos grandes problemas, durante todas as nossas vidas, a chamada dívida externa. Quem de nós viveu no Brasil numa época em que não ouviu falar em algum momento da crise da dívida externa? Um dia, pesquisando sobre o assunto, verifiquei que o nosso problema de dívida externa, na realidade, começou na independência. Em 1822, como parte da negociação da independência, o País assumiu uma dívida externa de Portugal. O Brasil sempre viveu um problema da dívida externa elevada, não só o governo, mas também as empresas. Na medida em que havia uma crise internacional qualquer, tínhamos dificuldade de renegociar, de continuar tomando empréstimos e enfrentávamos problemas internos graves em função da dívida. Nos últimos anos fizemos um grande trabalho de recuperação e reforma da economia brasileira que, entre outras coisas, fez com que pudéssemos acumular reservas e pagar dívidas. Para termos uma ideia, o País era um devedor do FMI, devia uns US$30 bilhões de dólares. Pré-pagamos outros credores e, portanto, acumulamos reservas e, em 2006, o País se tornou um credor líquido internacional pela primeira vez na história. Isso significa que agora este é um problema do passado.

Crédito
A previsão de crescimento para o mercado de crédito no ano de 2010 é bastante positiva. Cresceu a taxas elevadas antes da crise, durante a crise caiu bastante, agora já se recuperou e a essa altura está em expansão. O custo do crédito também está caindo e o volume aumentando, que é a trajetória correta. Não há dúvida de que a taxa de juros na ponta do empréstimo ainda é elevada, já foi muito mais no passado, está caindo como resultado da estabilização da economia brasileira e a tendência é que continue a cair. Com a estabilização da economia brasileira, isto é, com a inflação controlada e, também com as reservas internacionais, poderemos assegurar, nos próximos anos, uma continuidade desse processo. Basta mantermos as políticas adequadas. Agora, em termos de volume, o total de crédito concedido aumentou, está bastante forte, saudável e retomando um padrão de normalidade que prevalecia antes da crise.

Taxa Selic
O BC tem uma política de governança, como a maior parte dos bancos centrais do mundo, de não fazer previsões sobre as próprias ações. Isto é, quais serão as decisões tomadas no que diz respeito à taxa Selic. O importante é que se olhe as previsões de inflação para o ano de 2010. Elas fornecem dados importantes para tomar a decisão sobre as medidas necessárias. O BC evidentemente se baseia nas próprias projeções. Mas as projeções feitas pelos analistas também são olhadas por todos e são importantes. O relatório Focus do Banco Central indica uma inflação que está consistente com a meta em 2010.


Inflação e estabilidade dos preços
O BC tem um compromisso com uma meta de inflação de 4,5% e toma todas as medidas necessárias para que seja atingida. A meta tem um intervalo de tolerância que pode variar e temos conseguido cumpri-la. Tomaremos todas as providências necessárias, seja no controle das taxas base do BC, seja por meio da fixação da política monetária adequada, e também, com a política de câmbio flutuante bem administrada. Em resumo, o importante é que a população pode ficar tranquila de que o BC tem os mecanismos e o comprometimento para manter a estabilidade de preços durante 2010.
Fonte: Fonte Gov. Fedral

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