EM CAMPO

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domingo, 8 de agosto de 2010

“Ser pai não é duplicar a função de mãe mas sim dar uma nova dimensão à vida da criança”

O Papel do Pai

Estudos científicos mostram que o papel do pai começa desde cedo. A sua participação e o seu envolvimento devem ter início no momento mais precoce possível. Sabe-se, inclusive, que ao participarem no parto, os pais se sentem extremamente úteis. Mas nem sempre tal se verificou.

O modelo de pai que antes se refletia no controlo e na autoridade no lar, reservava para a mãe as tarefas domésticas, incumbindo-a de tratar única e exclusivamente da educação dos filhos. Este modelo de família tradicional estava assim organizado segundo uma hierarquia em que a figura paternal se baseava essencialmente no poder econômico, isentando-se por completo de possíveis manifestações afetivas para com os seus filhos.


Devido às mudanças sociais que se fizeram sentir a partir da década de 60 (como a emancipação da mulher), estabeleceram-se novas relações entre homens e mulheres, levando ao aparecimento de novos padrões familiares. O homem tem assim assistido à ruptura progressiva da hierarquia doméstica, assim como ao questionamento constante da sua autoridade.



Apesar do papel materno prevalecer sobre o papel do pai, sabe-se que a importância da figura paternal é altamente notória no desenvolvimento cognitivo, emocional e social de uma criança. Por outro lado, a relação estabelecida com os filhos ajuda ao desenvolvimento pessoal do homem enquanto pai.


Vários são os especialistas que defendem que a quebra do vínculo afetivo com o pai pode gerar sentimentos de abandono e de rejeição por parte da criança que se poderão repercutir nas relações por ela desenvolvidas no futuro, comprometendo a formação de novos vínculos. Guy Coreant, psicólogo, postula que “o pai é o primeiro outro que a criança encontra fora do ventre da mãe”, sendo esta presença que lhe vai servir como suporte e apoio, possibilitando o seu desprendimento da mãe e a passagem do mundo da família para o mundo da sociedade. Raissa Cavalcante defende que a figura paterna é a que permite à criança entrar num horizonte de novas possibilidades.


Disto tudo, e não questionando de forma alguma o papel da figura materna no desenvolvimento psico-social de uma criança, podemos concluir que não é por isso que a figura paterna se torna dispensável. Assim, e porque “ser pai não é duplicar a função de mãe mas sim dar uma nova dimensão à vida da criança”, a construção de relações afetivas duradouras (e saudáveis), seja com o pai seja com a mãe, só traz vantagens para o desenvolvimento de uma criança: ao terem um papel mais ativo no acompanhamento dos seus filhos, vão contribuir para a formação de expectativas relativamente a relações futuras que as crianças possam vir a desenvolver.
Pensemos nisto.

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