EM CAMPO

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sindicalismo, Eleições dos Bancarios

Araújo

A CUT - Central Única dos Trabalhadores - entra na reta final da campanha pela reunião dos Sindicatos dos Bancários do RN. A parceria CUT/Sindicato rendeu grandes avanços à categoria durante as décadas que durou. Toda uma geração de militantes cutistas evitaram a privatização do BB, da Caixa e outros brancos públicos. Desde a eleição de Lula, o movimento sindical brasileiro conseguiu que os bancos voltassem a contratar e dessem aumento com ganho real todos os anos.


Contudo, o Sindicato no RN optou pelo isolamento político e nos últimos contribui para segregar a categoria, enfraquecendo-a. Com a chapa UNIDADE E DEMOCRACIA NA LUTA - apoiada pela CUT - os bancários potiguares esperam sair do isolamento e obter grandes conquistas nos próximos anos. A eleição ocorre no próximo dia 24 em todas as agências do estado. Confira a entrevista concedida a Astrogildo Cruz pelo candidato à presidência do Sindicato pela Chapa 2, o companheiro Araújo:


A nossa entrevista é com Araújo, candidato a Presidente pela Chapa 2 – Unidade e Democracia na Luta – que fala das propostas da chapa 2 para a gestão 2010/2013 do Sindicato dos Bancários, e das diferenças entre as chapas concorrentes...


Chapa 2: Fale da sua experiência como sindicalista e militante da Advocef...

Araújo: Eu fui contratado pela CAIXA em 2003, após aprovação em concurso público para o cargo de advogado. Antes participei ativamente de todas as lutas dos trabalhadores na década de 80 em diante, quando os trabalhadores lutaram e conquistaram um sindicalismo classista, livre e autônomo, desatrelado do Estado, dos partidos políticos e dos patrões, seja privado ou público. Enfim, é a luta por melhores condições de salário, de trabalho e da organização sindical de luta e libertária. Na categoria bancária desde a minha contratação participo da Advocef, que organizou juntamente com os sindicatos, a histórica greve de 50 dias dos advogados e demais profissionais da CAIXA em 2009. Sou também o delegado sindical da minha unidade de trabalho desde 2006 e atual diretor jurídico da APCEF-RN. É uma trajetória de lutas que me credenciou a coordenar a equipe da chapa 2.




Chapa 2: O pessoal da Chapa 1 está dizendo nas agências que você, por ser advogado da Caixa, vai defender os patrões e não os trabalhadores. Isso faz algum sentido?
Araújo: Isso soa como aquelas coisas de campanha de quem não tem nada novo a apresentar a categoria, eu sou trabalhador da CAIXA como qualquer outro, exerço meu cargo de acordo com o que determina meu contrato de trabalho e os normativos da CAIXA, sou obrigado a cumprir 8 horas diárias. Ser sindicalista é uma opção, quando resolvi militar no movimento sindical eu escolhi um lado, é o lado da nossa classe, o da classe trabalhadora. Minha atuação nas associações citadas por si só já demonstram que isso não passa de uma tentativa de esconder o isolamento que nós estamos denunciando em nossa campanha. Somos de luta e somos classita, o nosso diferencial é que temos experiência e maturidade para conduzir os bancários do RN para o melhor caminho no enfretamento aos banqueiros. Nosso inimigo não são os trabalhadores. Estes precisam ser convencidos da justeza da luta para se mobilizarem. Não é com agressões e intolerância que se unifica a categoria pra lutar.



Chapa 2: Existe alguma diferença entre a sua postura como advogado da Caixa e a postura da candidata Marta Turra como Gerente de Recuperação de Crédito, onde se ordena despejo contra os trabalhadores?

Araújo: Primeiro a atividade de advogado é uma atividade técnica, o que fazer e como fazer a direção da CAIXA é quem determina. Qualquer empregado do BANCO tem que cumprir seu contrato de trabalho, por exemplo, nenhum bancário pode emprestar dinheiro do banco sem cobrar juros e, olha que estes são sempre aviltantes. Ser empregado na maioria das vezes não é uma opção, mas uma necessidade. Necessidade de sobrevivência. Já ser gerente de um banco é opção e quando um bancário opta por isso, ele sabe que tem que cumprir a política imposta pelo patrão, mesmo que seja tomar a casa de um trabalhador ou aplicar o RH 08 (normativo da CAIXA revogado em 2003, que permitia um gerente demitir um empregado de forma arbitrária), que vigorava na CAIXA na era FHC. Ter sido gerente na época neoliberal/FHC deve ser uma opção que tira o sono de alguns nos dias de hoje. Na era neoliberal eu estava no sindicato dos petroleiros e sendo punido com 30 dias sem salário, sem férias e décimo ao enfrentar o assédio moral e o terror governo FHC. Está é grande diferença entre mim e a candidata adversária

Chapa 2: Quais os pontos que diferenciam a chapa 2 da outra chapa?
Araújo: São vários: começa pela concepção de sindicalismo, nós somos classistas, defendemos a unidade, a democracia, a luta, a liberdade e a autonomia sindical. Achamos que a CONTEC representa o que de mais atrasado no movimento sindical bancário, e a chapa adversária é aliada da CONTEC. Somos favoráveis a manutenção da convenção coletiva de trabalho nacional, e eles são contra, pois querem negociar separadamente por banco. Ainda, somos a favor da unidade da categoria, quando a outra chapa levou a categoria ao isolamento. Somos a favor de unificar os trabalhadores no ramo e acabar com o divisionismo, por isso apoiamos a CONTRAF-CUT e a FETEC-NE. Também respeitamos os fóruns e as decisões democráticas da categoria, diferentemente da outra chapa que é intolerante com qualquer bancário que ouse discordar da posição da direção do sindicato. Somos firmes na defesa de nossas posições, todavia, sema a agressividade peculiar da chapa adversária. Por fim, representamos o novo com experiência, características importantes para luta dos bancário do RN e para tirar o sindicato da mesmice, atuando diariamente nos problemas locais como, a questão da segurança, do assédio moral, das horas extras, das instalações das agências, etc.
Chapa 2: O discurso dos militantes da chapa 1 sobre o governo Lula é muito semelhante ao discurso dos Democratas (PFL) e PSDB. Qual a posição da chapa 2 sobre o governo Lula?



Araújo: Tem uma máxima que diz: os extremos se encontram. É a extrema direita e a extrema esquerda festiva que neste caso se encontram para tentar derrubar o Governo atual. Nós da chapa 2 entendemos que a ascensão de um trabalhador à Presidência da República trouxe esperança. Entretanto não tínhamos ilusão de que a caminhada seria fácil. Governo é Governo. E, neste caso, o governo é o patrão. A chapa adversária diz que o governo LULA é neoliberal! Mas, qualquer bancário lúcido ao comparar a era neoliberal/FHC, sabe que os trabalhadores sofreram violentos ataques a seus direitos: os salários foram reduzidos porque a inflação não era reposta (a era do abono), houve perdas de direitos (temos agora os pós-98); sucessivos planos de demissões; desestruturação dos planos de cargo, carreira e salários, a PLR era insignificante para a maioria dos bancários. As privatizações acabaram com muitas empresas públicas e a CAIXA, o BANCO DO BARSIL e o BANCO DO NORDESTE eram a bola da vez. Temos quere conhecer essa política foi barrada. É verdade que o governo atual não decretou o socialismo por medida provisória, pois, isso não seria possível. Afinal depende da correlação de forças dos trabalhadores frente a burguesia.
Ainda, pensamos que o movimento sindical não poder se utilizar da passividade e nem o voluntarismo, para enfrentar o governo atual, mas combinar três coisas: preservar a nossa autonomia, sindicato não é Estado; pressionar o governo e unificar os sindicatos. Não basta só lutar, mas saber lutar. Saber combinar autonomia, inteligência e pressão.
Ou seja, somos claros em relação ao governo atual, não negamos os avanços, mas fazemos a luta, pois entendemos este é o único caminho para garantir os nossos direitos e recuperar os direitos perdidos, inclusive as perdas salariais.

Chapa 2: Você convidou publicamente a candidata da chapa 1 para um debate na TV União, mas até agora ela não deu resposta. Na eleição anterior, o então candidato, Liceu, também não aceitou o debate na TV. O que você acha disso?



É lamentável que a candidata da chapa adversária não queira participar do debate que estamos propondo, pois é um anseio da categoria. Isso depõe contra a democracia, porque o debate é uma ótima oportunidade para os bancários poderem comparar as propostas das duas chapas. Nele temos a oportunidade de falar olhando no olho do outro, sobre os temas da campanha, como a questão do isolamento, da unidade da categoria, da democracia, do respeito as posições contrárias e da agressividade da direção atual, da qual ela faz parte, além da ausência do sindicato no interior. Também demonstra que a candidata chapa 2 tem medo de enfrentar o debate cara a cara, onde a verdade sempre aparece. Quem tem medo de enfrentar um debate de campanha está preparada para enfrentar os patrões e dirigir um sindicato do porte dos bancários do Rio Grande do Norte?


Blog do Geraldão


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